RESTAURAÇÃO FLORESTAL
A restauração florestal tem como objetivo recuperar a integridade ecológica dos ecossistemas, considerando os seus valores ambientais, econômicos e sociais. Em médio e longo prazo, deve haver o restabelecimento da estrutura, produtividade e diversidade, a fim de alcançar o máximo possível da semelhança com o que era a floresta originalmente.
Além da missão de preservar os remanescentes florestais de Mata Atlântica na bacia do rio Guapiaçu, a REGUA tem o compromisso de restaurar as paisagens naturais e promover a qualidade ambiental da região. Para aumentar a área protegida e ganhar escala na restauração, desde 2001 a REGUA vem adquirindo tanto fragmentos florestais remanescentes quanto áreas de pastagens degradadas para recuperação por meio de reflorestamento. A partir da conversão de áreas degradadas, as ilhas de fragmentos florestais aos poucos se conectam e criam-se grandes corredores ecológicos para garantir o fluxo genético das espécies encontradas apenas nesses habitats. Um dos principais objetivos da REGUA com a restauração florestal, além da manutenção da biodiversidade e preservação de espécies, é contribuir com a conservação da alta bacia hidrográfica Guapi-Macacu (que engloba os dois principais rios da região, Guapiaçu e Macacu), já que esta é uma importante unidade de abastecimento humano, responsável pelo fornecimento de água para milhões de pessoas que habitam parte da região Metropolitana do estado do Rio de Janeiro.
Área do bosque da memória - © REGUA
Sementes de árvores nativas são coletadas das matas na REGUA (© Barry Yates)
Colaboradores da REGUA mostrando sementes coletadas da mata para estudantes - © REGUA
Desde o ano de 2004, a instituição vem recuperando áreas degradadas de encostas e de baixadas, sobretudo restaurando ecossistemas florestais e lênticos originais em Áreas de Preservação Permanente - APP, como nascentes, beiras de rio e brejos. Mas isso só foi possível graças a importantes parcerias estabelecidas ao longo desse tempo, como a Petrobras, Brazilian Rain Forest Trust, World Land Trust, SOS Mata Atlântica, DOB Ecology, Saving Nature, Conservation International, Iniciativa Verde, Ecosia, WWF-Brasil, Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), INEA e CEDAE.
No ano de 2013, a REGUA foi reconhecida como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), a maior reserva da biosfera em área florestada do planeta, contribuindo de forma eficaz para o estabelecimento de uma relação harmônica entre as sociedades humanas e o ambiente na área da Mata Atlântica. A REGUA também participa do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, juntamente com mais 100 instituições de diferentes setores da sociedade, da Rede Mata Atlântica (RMA), da Rede de RPPNs e da Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Estado do Rio de Janeiro (Pro Mudas Rio).
Ainda no ano de 2013, a REGUA foi contemplada com o edital da Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental e, por meio do Projeto Guapiaçu, teve a oportunidade de ganhar escala nas suas ações de restauração ecológica. Esse projeto foi desenvolvido na REGUA no período de setembro de 2013 a março de 2022, e impulsionou a instituição a dobrar o número das suas áreas restauradas, além de reflorestar áreas de proprietários parceiros do entorno. Também realizou o levantamento de novas áreas para restauração e apoiou o projeto Refauna, com a reintrodução de antas (Tapirus terrestris), consideradas extinta no estado do Rio de Janeiro, que foram alocadas nas áreas restauradas mais antigas e permanecem sendo monitoradas.
As ações de restauração florestal na REGUA são executadas pelas fases de implantação e pós-implantação do reflorestamento, ocorrendo em três etapas: preparação da área para o plantio, plantio das mudas e manutenção das áreas. Para garantir o sucesso no projeto, todas as ações são realizadas mediante planejamento prévio, levando-se em consideração as características ambientais das áreas que receberão a intervenção e indicando as espécies e os procedimentos técnicos adequados para o plantio, manutenção e proteção ao desenvolvimento das áreas implantadas. Em médio e longo prazo, deve haver o restabelecimento da estrutura, produtividade e diversidade, a fim de alcançar o máximo possível da semelhança com o que era a floresta originalmente. Para isso, é necessário considerar a alta biodiversidade e a variabilidade na estrutura e funcionamento dos processos ecológicos, que irão nos indicar os resultados e o sucesso da restauração.
Viveirista Maurício com sementes - © REGUA
Equipe de reflorestamento - © REGUA
Viveiristas organizando mudas - © REGUA
Equipe de reflorestamento em plena atividade - © REGUA
Colaborador realizando semeadura direta - © REGUA
Equipe de campo da REGUA - © REGUA
Não obstante, do planejamento à execução dos plantios, a REGUA dispõe de uma equipe técnica experiente e altamente especializada, onde parte dessa equipe já trabalha na instituição desde os primeiros plantios, no ano de 2004, somando-se mais de 40 colaboradores, entre reflorestadores e viveiristas. Tal fato comprova que a cadeia produtiva da restauração florestal gera emprego e renda para uma determinada região, já que a mão de obra contratada é local, assim como a maior parte dos equipamentos e insumos utilizados são adquiridos de comerciantes da região. Também é de suma importância o investimento na capacitação da mão de obra, com a realização de palestras e treinamentos.
A metodologia adotada para a implantação dos projetos é adaptada do guia técnico elaborado pelo Pacto Pela Restauração da Mata Atlântica, que utiliza quatro técnicas diferentes de restauração:
1 - Plantio Total: é a forma mais eficiente e mais utilizada na REGUA, mas também a de custo mais elevado. Consta da formação total de uma floresta e é normalmente implantada em áreas onde a cobertura florestal original foi totalmente substituída por alguma atividade agrícola ou agropastoril.
2 - Enriquecimento: técnica usada em áreas que já possuem alguma vegetação nativa e deve ser proposta para preencher espaços com falhas da regeneração natural, em locais que se encontram com baixa diversidade florística.
3 - Condução da Regeneração Natural: é realizada sobretudo em áreas de difícil acesso, que consiste em isolar e proteger a área de fatores de degradação, como o pisoteio de animais de grande porte, os riscos de incêndios e a propagação de plantas exóticas daninhas. Pode ser considerada uma técnica de baixo custo, pois, a partir dessa ação, a floresta pode se regenerar e crescer sozinha, junto aos cuidados necessários para o desenvolvimento das plantas, em longo prazo.
4 - Semeadura Direta: está sendo realizada de forma experimental na REGUA para análise de custo e eficiência. Consiste na inserção da semente diretamente no solo, onde não há a necessidade da formação prévia da muda e por essa razão, pode ser considerada uma técnica prática e de menor custo por não haver os gastos financeiros da etapa da produção da muda.
A implantação e os cuidados ao estabelecimento das áreas restauradas se dão por meio de sucessivas operações. O preparo das áreas conta com a construção de estradas de acesso e medidas de proteção, como a instalação de cercas e de aceiros. O terreno é preparado com a retirada das plantas exóticas invasoras (plantas daninhas) do sistema através de roçadas e capinas, e com o controle da população de formigas cortadeiras.
Para nós, é muito gratificante observar as primeiras florações e frutificações das mudas plantadas em cada área restaurada. Também é muito interessante observar nesses locais a chegada espontânea de novas plantas, colonizando a regeneração natural, e de animais, como insetos, aves, roedores e pequenos mamíferos. Estes indicadores-chave estão diretamente relacionados ao funcionamento do ecossistema e a efetividade e sucesso da restauração, garantindo assim a sustentabilidade dessas áreas.
Assim, podemos dizer que o sucesso nos projetos de restauração ambiental da REGUA é resultado de duas décadas de muito trabalho, que implica no envolvimento de parceiros, nos esforços entre as partes envolvidas, na experiência da instituição e no bom funcionamento de toda a cadeia produtiva da restauração florestal.