Em 2010, tendo em conta a alarmante situação de conservação da jacutinga e as constantes pressões ao habitat da espécie, teve início o “Programa de Conservação de Aves Cinegéticas da Mata Atlântica: Reintrodução e Monitoramento de Jacutingas (Aburria jacutinga)” e.g. Projeto Jacutinga. O programa foi uma exigência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio/APA Mananciais do Rio Paraíba do Sul com a finalidade de atender parte do passivo ambiental referente à licença de instalação do gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (GASTAU) construído pela Petrobras.
A Fase I (2010-2013) do programa confirmou a raridade da jacutinga na Região da Serra do Mar e a necessidade de um reforço populacional urgente a fim de evitar a extinção local da espécie, considerada Criticamente Ameaçada (CR) de extinção pela lista de animais ameaçados no estado de São Paulo e Em Perigo (EN) de acordo com a lista Nacional de dezembro de 2014. No estado do Rio de Janeiro a espécie está extinta, tendo sido avistada pela última vez em 1978 no Itatiaia e em 1980 na Serra dos Órgãos; o que levou à extensão do programa de reintrodução da ave para a Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA).
A Fase II (iniciada em 2014 e com duração prevista para cinco anos) visa a reintrodução e monitoramento de jacutingas na região da Serra da Mantiqueira em São Francisco Xavier na Serra da Mantiqueira, em áreas próximas ao Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Caraguatatuba/São Paulo e na REGUA/Cachoeiras de Macacu, estado do Rio de Janeiro . Paralelamente, será estabelecido um protocolo de reintrodução e monitoramento destas aves de forma a poder ser replicado em outros locais onde a espécie está localmente extinta.
As ações do projeto envolvem testes de sanidade das aves, preparação comportamental, reintrodução/soltura e monitoramento, educação e disseminação da importância da conservação da jacutinga e outras aves de Mata Atlântica. O apoio de zoológicos e dos criadouros conservacionistas de jacutingas, mediante fornecimento de aves para serem soltas é fundamental para o sucesso do projeto.
As jacutingas Thaty, Lily, Coffee e Carmen oriundas de cativeiro (3 da UENF e 1 do Parque das Aves) ficaram cerca de 6 meses no viveiro de reabilitação do Projeto Jacutinga em São Francisco Xavier para treinamentos de reconhecimento de predadores (aves de rapina, felinos e cães), teste alimentar, de voo e observações comportamentais. Após serem consideradas aptas para soltura foram transferidas para o viveiro de ambientação na REGUA onde passarão um mês de aclimatação antes da soltura. Após a reintrodução serão monitoradas através de transmissores de localização via rádio, busca ativa e pela participação da comunidade local incentivando a prática de observação de aves.
O projeto realizou a primeira soltura em junho de 2016 e até o momento foram 12 jacutingas soltas na Serra da Mantiqueira e 06 na Serra do Mar, totalizando 18 indivíduos.
Este projeto é realizado pela SAVE Brasil e patrocinado pela Fundação Grupo Boticário no RJ e pela Petrobras em SP.
Alecsandra Tassoni, coordenadora do Projeto Jacutinga da SAVE Brasil
Data: 01/07/18
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