Ameaças à Mata Atlântica
Em 1500, a Mata Atlântica tinha uma extensão de 1,5 milhões Km², mas com os primeiros colonizadores veio a extração de madeira, a retirada da floresta para fins agrícolas e a ocupação do território. No início do século XIX houve um ciclo de destruição impulsionada pelo café no Nordeste do estado do Rio de Janeiro e em São Paulo, em terras altas. Na década de 40, o Presidente Vargas drenou áreas alagadas no entorno da Baía de Guanabara tentando erradicar a malária, a febre amarela e outras doenças. Já nos anos 50, com a industrialização abrindo caminho e demanda por pastagens, mais florestadas foram derrubadas.
Com a introdução da lei da Mata Atlântica, o governo iniciou a criação de unidades de conservação e um planejamento estratégico para segurar as matas e os serviços ecológicos, especialmente focados no abastecimento hídrico. Algumas medidas vieram tarde para muitas espécies de animais de grande porte que requerem grandes áreas contínuas e protegidas de floresta para sua sobrevivência.
Hoje, resta apenas 7% da área original de Mata Atlântica dos quais 2% , apenas, são florestas intocadas fazendo deste bioma um dos mais ameaçados globalmente.
A bacia do Rio Guapiaçu conta com 58% do seu território em cobertura florestal, entre manchas grandes de floresta e pequenas parcelas fragmentadas. A topografia e acesso difícil certamente ajudou na preservação das florestas e biodiversidade. Sendo assim, o objetivo da REGUA é proteger esses remanescentes florestais, restaurar áreas degradadas, formar corredores entre os fragmentos florestais e a floresta, para que as futuras gerações possam disfrutar e cuidar deste habitat.
INFORMAÇÕES
8000
Hectares protegidos
763.000
Mudas plantadas
500
Hectares restaurados
Ameaças correntes
Reconhecida por sua importância, a UNESCO designa a Mata Atlântica como “Reserva da Biosfera”, em seis fases sucessivas entre 1991 e 2008. O Governo aprova a lei da Mata Atlântica em 2006 oferecendo plena proteção aos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Vale ressaltar que em 2002, o Parque Estadual dos Três Picos foi criado, unindo esforços para a preservação do gradiente florestal da bacia do rio Guapiaçu. Atualmente a UPAM (Unidade de Policia Ambiental) faz frequentes visitas de maneira que as ameaças ao ambiente e sua floresta tenham diminuído, porém não sendo totalmente extinguidas.
Apesar de ser atualmente ilegal, o desmatamento ainda permanece uma das maiores ameaças à Mata Atlântica (© Alan Martin)
Desmatamento
As grandes derrubadas de floresta do século passado não ocorrem mais, porém com a demanda para a construção de casas e sítios, clareiras na mata e em bordas de rios e riachos ainda ocorrem. Em áreas rurais, proprietários com matas ao lado de pastagens, frequentemente deixam o gado entrar na floresta, empobrecendo as matas ao destruir o sub-bosque. O manejo inadequado de pastagens em morros íngremes permite que as chuvas causem erosão e às vezes deslizamentos de encostas, provocando um desafio para qualquer plano de recuperação de vegetação.
Urbanização
Numa área densamente povoada, o leste da Baía de Guanabara e o seu entorno sofrem com a pressão causa pela expansão urbana e consequente alteração na cobertura e uso do solo.
Uma das principais ameaças à bacia do rio Guapiaçu, hoje, é o aumento das pequenas casas de veraneio. Cada casa construída acaba tendo um efeito na floresta devido à construção de estradas que dão acesso às casas e a rede elétrica, por exemplo. O efeito pode ser exacerbado se houver roçadas em torno das casas, ou mesmo, se houver a retirada de bananas e outras culturas.
Com uma fiscalização deficiente e irregular, áreas de mata e propriedades abandonadas tomadas por posseiros podem ser rapidamente desmatadas e ocupadas. Temos alguns exemplos em nosso município de Cachoeiras de Macacu, em que mesmo em áreas de amortecimento do Parque Estadual dos Três Picos, onde são previstos por legislação a preservação de uma área de 10 km no entorno do parque, são invadidos. As ameaças pela ação antrópica parecem ganhar mais força necessitando uma fiscalização regular.
A urbanização galopante é uma das principais causas de desmatamento e uma das maiores ameaças para a Mata Atlântica no vale do Guapiaçu (© Alan Martin)
Apesar de ser atualmente ilegal, o desmatamento ainda permanece uma das maiores ameaças à Mata Atlântica (© Alan Martin)
Demanda por água
Embora o nível de água do rio Guapiaçu tenha diminuído ao longo dos últimos anos como resultado do desmatamento, dragagem e retificação do leito do rio, ainda existe pressão sobre a água desta bacia. A ausência da mata ciliar ao longo de vários trechos do rio juntamente com a extração ilegal de areia são um risco para o seu futuro, porém as águas do rio Guapiaçu se juntam com o rio Macacu no final da bacia Guapiaçu, onde existe uma captação que forma a estação Imunana Laranjal. Essa estação de água é responsável por abastecer as populações de cidades vizinhas importantes como Niterói, Itaboraí e São Gonçalo. Existem, também, algumas mineradoras de água na bacia do rio Guapiaçu que geram muito emprego, mas o aumento populacional e consequente turismo traz um alerta à população preocupada com o estado de conservação do meio ambiente
Caça
Tradicionalmente a caça de animais silvestres é uma atividade comum, passada de pai para filho em comunidades rurais, apesar de ter se tornado ilegal em 2006 com a lei da Mata Atlântica. A REGUA gostaria de acabar com esta prática e fazer com que as matas sejam um lugar seguro, tanto para os animais que a habitam, quanto para os visitantes e pesquisadores que frequentam a Reserva.
Em 2004, a REGUA contratou ex-caçadores e os capacitou para que se tornassem guarda-parques no seu próprio ambiente de trabalho. Rastros de caçadores têm sido menos frequentes nos últimos anos sobretudo pelo trabalho diário de patrulhamento feito pelos guarda-parques e, também, pela presença de pesquisadores que conduzem seus trabalhos acadêmicos na mata.
Cada propriedade adquirida e incluída na reserva é regularmente vistoriada para eliminar armadilhas e acampamentos de caça. No passado, pessoas da comunidade mantinham aves em gaiolas como papagaios, periquitos, tico – ticos, canários e arapongas, mas programas de educação ambiental têm ajudado muito em diminuir esta prática.